COOPEL recebe Comenda Dona Joaquina em seu Jubileu de Ouro
- Alexandre Benony Oliveira Santos

- 15 de set. de 2015
- 5 min de leitura
Instituída pelo Decreto nº 523, de julho de 2002, a Comenda Dona Joaquina do Pompéu destina-se a agraciar personalidades que se destacaram no engrandecimento cultural, político e social do município de Pompéu, bem como os descendentes da grande Matriarca, os quais se destacaram ou se destacam em diversas áreas, elevando, assim, o nome da heroína mineira da Independência do Brasil.
A indicação dos homenageados é feita pelo Conselho do Patrimônio Cultural, Artístico e Histórico de Pompéu, que para tanto se reveste da autoridade de Conselho Extraordinário da Comenda, sendo os nomes dos indicados conduzidos à apreciação e à ratificação do prefeito municipal.
Este ano, entre os agraciados, estava a Cooperativa Agropecuária de Pompéu, indicada para o agraciamento, segundo o presidente do Conselho, Hugo de Castro, “em virtude da enorme importância do seu legado para o povo de Pompéu nos últimos 50 anos, o que denota uma herança bem afinada com o legado de Dona Joaquina do Pompéu, figura que alavancou a pecuária no final do século XVIII e início do XIX, sendo ancestral comum de grande parte dos associados dos diretores e associados da COOPEL”, acentuou o conselheiro.
A solenidade de agraciamento
Na manhã de 22 de agosto último, no Museu Centro Cultural da cidade, a Comenda Dona Joaquina do Pompéu foi entregue a várias personalidades e instituições durante cerimônia que contou com a presença do prefeito, Joaquim Campos Reis, do deputado federal Saraiva Felipe, do secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Murilo Valadares, do secretário de Estado de Meio Ambiente, Sávio Souza Cruz, dos deputados estaduais Leonídio Bouças e Tiago Ulisses, bem como da benemérita pompeana Dea Maria de Mello Lane. A Cooperativa Agropecuária de Pompéu – COOPEL Ltda., atualmente em festa por seu Jubileu de Ouro de fundação, foi representada pelo presidente, José Alberto Campos. “Receber esse grandioso reconhecimento do Município, ao atingir a marca de cinco décadas de trabalho em prol do desenvolvimento de Pompéu e região, é algo que diz muito ao coração de todos nós, que amamos a Coopel e nos dispomos a qualquer sacrifício para vê-la em patamares cada vez mais elevados”, declarou o presidente.
Impossibilitados de comparecer, fizeram-se representar o governador do Estado, Fernando Pimentel, a ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia Antunes Rocha e a presidente da Fundação Flávio Gutierrez, a ex-secretária de Estado de Cultura Ângela Gutierrez.
Na ocasião, o prefeito, Joaquim Campos Reis, agradeceu a presença de todos e destacou a importância do legado de Dona Joaquina para o crescimento de Pompéu. Agradeceu ainda o empenho dos homenageados para o sucesso da causa pompeana e, de maneira muito especial, à COOPEL, por estar sempre do lado do produtor rural do Município e região.
Um pouco de Dona Joaquina
Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco Oliveira Campos nasceu em Mariana-MG, aos 20 de agosto de 1752. Era filha de Dr. Jorge de Abreu Castello Branco (que mais tarde, após se tornar viúvo, finalizou seus estudos eclesiásticos e ordenou-se padre), natural da cidade de Viseu, Portugal, e Dona Jacinta Tereza da Silva, nascida na Ilha do Faial.
Em 1763, Pe. Dr. Jorge de Abreu Castelo Branco muda-se com a família para a cidade de Pitangui, onde Joaquina conhece Cap. Inácio de Oliveira Campos, com quem viria a se casar no ano seguinte, ela com apenas 12 anos de idade e ao lado de quem construiriam um dos maiores legados para a História de Minas Gerais e do Brasil
Capitão Inácio de Oliveira Campos era descendente de grada família paulista, filho de Inácio de Oliveira e Ana Campos Monteiro. Vale ainda ressaltar que era neto do grande bandeirante que desbravara o sertão de Pitangui, Antônio Rodrigues Velho, também conhecido como Velho da Taipa.
Após o casamento se mudaram para a fazenda de Nossa Senhora da Conceição, que pertencera a Antônio Pompeu Taques. A sede da fazenda era precária, sendo necessário construir uma nova residência para o casal. Os trabalhos de construção do Sobrado do Pompéu se iniciaram no final do séc. XVIII e tiveram como construtor o mestre-carapina Tomé Dias. O solar era a sede de um feudo com cerca de 1 milhão de alqueires que se estendiam de Pará de Minas a Pitangui e de Pompeu até Paracatu.
Dona Joaquina floresceu seu instinto empreendedor após a doença do marido. Cap. Inácio ficara paralítico em uma de suas viagens ao sertão do Paracatu, e ela teve de assumir a liderança da fazenda do Pompéu. Então organizou os vários currais espalhados pelo “sertão” das Minas Gerais, implementando, assim, a criação do gado de corte.
Foi enorme o pioneirismo de Dona Joaquina. Pioneirismo reconhecido em sua época pelas autoridades reais, pois ela solidificou o próprio nome após fazer doações de mantimentos para abastecer a corte recém-chegada de Portugal em 1808. Essas doações foram bem recebidas pelo Príncipe Regente Dom João (futuro Dom João VI), e isso ajudou em sua imagem comercial, conseguindo ela firmar praça no Rio de Janeiro para a venda de gado e possivelmente de mantimentos oriundos de Pompéu.
Dona Joaquina recebeu uma expedição chefiada pelos barões Von Eschwege (diretor do Real Gabinete de Mineralogia do Rio de Janeiro) e Freyreiss, respectivamente em 1811 e 1813. Eles ficaram hospedados no solar do Pompéu. O Barão de Eschwege, ao retornar à Corte, dedicou seu livro “Pluto Brasiliensis” à Matriarca de Pompéu e sua família.
Fez também grandes doações de gado, por ocasião da iminente guerra da Independência em 1822, para o abastecimento das tropas. Segundo Agripa Vasconcellos, o patriotismo de Dona Joaquina era tão grande, que, durante o período em que se tratava da independência do Brasil de Portugal, ela “usava em sua roupa fitas na cor verde-e-amarelo”, representando seu amor ao Brasil. Esteve com o Príncipe Dom Pedro na então capital da capitania, Vila Rica de Ouro Preto, quando de sua vinda a Minas Gerais.
Dona Joaquina e Cap. Inácio tiveram vários filhos e deixaram grande descendência.
A benfeitora de Pompéu morreu aos 72 anos de idade, em 7 de dezembro de 1824, na fazenda do Pompéu e foi sepultada na capela do cemitério da mesma fazenda.
São poucas as mulheres que lutaram pelo Brasil e ajudaram em sua construção, Dona Joaquina é uma dessas mulheres marcantes em seu tempo e além dele.
O festival propriamente dito
A cerimônia de entrega da Comenda à Cooperativa Agropecuária de Pompéu fez parte da programação do V Festival Dona Joaquina, realizado de 20 a 22 de agosto, período durante o qual a cidade viveu efervescência cultural com sessão de cinema, contação de histórias, exposição itinerante “Patrimônio Histórico de Pompéu – Espaço e Tempo”; cortejo com grupo circense, percussão e alunos da rede municipal de ensino; teatro de fantoches; lançamento da exposição “Vasco da Gama”; vesperata com o quinteto de cordas Amadeus (Araxá); I Festival do Doce de Leite e Noite de Caldos; show com Vinicius Teodoro (fundação Calmon Barreto – Araxá); vesperata com a orquestra de flautas doces Sopro dos Anjos; apresentação dos seresteiros do Buriti; I Botecada Colonial (comida típica do centro-oeste mineiro); show com Amanda Roberta.
























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