O segredo do sucesso do produtor de leite
- Bruna Leonel
- 12 de ago. de 2015
- 3 min de leitura

A geração produtora de leite no Brasil ainda convive com a ressaca do tabelamento do preço do leite e não dá a devida atenção e importância aos custos de produção e indicadores técnicos e econômicos como ferramentas para as tomadas de decisões futuras e planejamento da atividade. Por isso, a viabilidade econômica da atividade leiteira é questionada por grande parte dos produtores.
Devido à falta de hábito em relação às anotações de receitas, despesas e investimentos feitos, poucas são as propriedades com dados econômicos que permitem uma análise precisa dos resultados financeiros do negócio leite, e essa falta de gestão tem dificultado a evolução da atividade.
Existe hoje uma grande preocupação em dar condições para que os produtores e as próximas gerações não só permaneçam neste ramo, mas também tenham perspectivas positivas para crescer e evoluir. Portanto, o gerenciamento torna-se imprescindível para o sucesso na produção de leite. É essa a proposta do Projeto Educampo/SEBRAE, que busca instruir os produtores a identificar a real situação da propriedade e os principais desafios a serem vencidos a fim de garantir a sustentabilidade da atividade. E é esse o conceito que o consultor técnico do Projeto Educampo, Geraldo Magela de Carvalho Júnior (Juninho), leva para os produtores que atende, ao afirmar que “ganha dinheiro quem se equilibra e consegue manter uma margem líquida positiva, ora maior, ora menor, dependendo do momento”. Ele comenta ainda que “quem não suporta a crise não ganha dinheiro”, frase que ouviu de um antigo produtor. “Analisando essa frase, percebi que, com palavras simples, esse senhor afirmava o que nós consultores tentamos dizer aos nossos clientes utilizando argumentos embasados em conhecimento técnico, números e resultados concretos”, destaca.
É fácil perceber os benefícios da gestão técnica e econômica ao analisar os indicadores da Fazenda Salgado, propriedade do Sr. Dalton Campos Abreu, assistida pelo Geraldo e que, a reflexo e semelhança do técnico que a assiste, apresenta taxas de remuneração do capital de 13% e crescimento equilibrado de 9% ao ano. O produtor Dalton se assusta pelo fato de grande parte dos produtores não ter interesse em conhecer seus números, em saber da sua realidade. “Sem números é difícil trabalhar. Com dados em mãos, é possível identificar os pontos críticos do seu negócio e, principalmente, verificar onde é possível economizar”, acrescenta o produtor, que também comenta que um ponto forte da assistência gerencial está na utilização estratégica do principal item de composição do custo total: o concentrado. “Ainda que existam profissionais sérios no mercado, vinculados às empresas de comercialização de produtos, o apoio de um técnico que, com certeza, está do lado do produtor, dá mais segurança e, sem dúvida, reduz o custo de produção”, ressalta.
O produtor destaca também a possibilidade de comparar os indicadores técnicos e econômicos da sua propriedade com outras fazendas da região. “Com essa análise a gente consegue ver onde está e aonde consegue chegar”, afirma.
Quando perguntado sobre o futuro da atividade daqueles que não trabalham a gestão do negócio leite, Dalton comenta que o futuro já é uma realidade: margens cada vez menores e, a cada dia, mais produtores deixam a atividade. E confirma: “Se não tiver assistência e não for profissional, não sobrevive no leite”.
Diante dessa realidade, o consultor Geraldo enfatiza: “Não adianta o preço do leite estar bom se não estivermos preparados, e isso não acontece sem um bom planejamento da atividade. Por isso é que concordo plenamente que sorte é quando a competência e o preparo encontram a oportunidade”.
*Supervisora de Projetos e Qualidade da CCPR/Itambé






















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